segunda-feira, 30 de maio de 2016

A Revista LINDA e a Música Eletroacústica

1ª Edição da revista linda
    A LINDA é uma revista semanal sobre cultura eletroacústica, com o objetivo de formar uma comunidade menos especifica e mais diversificada em torno da música eletroacústica. É formada por um grupo de compositores denominados NME(Nova Música Eletroacústica), que criaram a revista em 2014 e continuam produzindo conteúdo até hoje.

Lançamento do disco NMEchá#2
    O maior objetivo da revista, é auxiliar na disseminação de estilos músicais como a música eletroacústica e a música experimental, promovendo eventos aonde há uma grande interação entre o ouvinte e o artista, como por exemplo, o lançamento do disco NMEchá#2, aonde cada pessoa da plateia recebia uma xícara do chá que havia inspirado a composição apresentada. A grande maioria do público era formada por pessoas que não frequentam concertos de música contemporânea, mas que se interessaram pelo convite de beber chá e ouvir música, e a maioria dos presentes, ao final da apresentação, afirmou que, apesar de estranharem as composições, a experiência afastou a repulsa inicial pela música contemporânea e despertou interesse pelas obras.

    A revista promove, também a interação entre os artistas, colunistas e os ouvintes, um bom exemplo seria o que foi feito no lançamento do disco NMEchá#2 comentado anteriormente, aonde os próprios compositores serviam o chá aos ouvintes, aonde acontecia uma interação direta entre artista e ouvinte, representando uma nova forma de se produzir música: quando os próprios ouvintes tem algo a dizer que se reflitirá no trabalho dos artistas.

A Música Eletroacústica


    A música eletroacústica é uma tendência musical nascida no final dos anos quarenta que se caracteriza pela utilização de sonoridades "concretas": gravações manipuladas e a síntese de sons puros através de aparelhos eletro-eletrônicos. Os seus representantes são quase sempre ligados ao mundo acadêmico e universitário. 

    Tem sua origem a partir de duas correntes, a musique concrète(música concreta), originada na frança por Pierre Schaeffer no Studio d'Essai da R.T.F. (Radiodiffusion Télévision Française) de Paris e a elektrinische Musik(música eletrônica), originada na Alemanha por Herbert Eimert e sua equipe do estúdio W.D.R. (Wesdeutscher Rundfunk).

    Na música concreta, Schaeffer utilizava a manipulação (corte de fitas, alterações na rotação, loopings, entre outras técnicas) de sons previamente gravados. Essa música tinha como uma de suas características centrais a utilização de sons das mais diversas fontes sonoras, como sons de passos, vozes, maquinas... e não apenas sons produzidos por instrumentos.
Apostarophe - uma composição de Shaeffer

    Já a música eletrônica, foi aonde se começou a gerar sons eletrônicos através de ociladores de frequência. Sua evolução está fortemente ligada ao desenvolvimento de equipamentos eletrônicos e a evolução da pesquisa envolvendo sínteses sonoras: estudos que resultaram, posteriormente, na criação dos sintetizadores. O compositor Karlheinz Stockhausen, importante figura do cenário musical, junta-se ao grupo de Eimert em 1953 depois de ter passado um tempo de estudos na França junto de Schaeffer. É considerado um dos responsáveis por juntar os dois gêneros (a música concreta e a eletrônica) na obra Gesang der Jünglinge onde utiliza tanto material concreto quanto eletrônico, sendo considerada um marco desse gênero.
Gesaung der Jünglinge - Stockhausen

    No Brasil, as primeira obras eletroacústicas remontam no começo dos anos 60 com os trabalhos de Jorge Antunes, Reginaldo Carvalho, Cláudio Santoro, e vários outros. Dois destaques importantes são Rogério Duprat, aluno de Stockhausen e estagiário durante um mês no estúdio da R.T.F. da frança, responsável pelos primeiros estudos eletrônicos envolvendo computadores no Brasil e principal arranjador do movimento Tropicalista, responsável nesse ultimo por juntar conceitos eletrônicos e eletroacústicos aos arranjos, ajudando assim a tornar maior a vertente vanguardista do movimento na área musical e Jocy de Oliveira, importante pianista e compositora com varios discos gravados no Brasil e no exterior, ocupando a cadeira n.32 da academia brasileira de música, sendo pioneira no desenvolvimento de um trabalho multimídia no Brasil envolvendo música, teatro, instalações, textos e video. Foi, também, solista sobre a regência de Stravinsky além de muitos outros trabalhos de tamanha importância.
Wave Song para piano e fita, de Jocy de Oliveira

    Atualmente, os dois maiores nomes de destaque na composição e pesquisa eletroacústica brasileira são Flo Menezes, professor de composição e Música Eletroacústica da Unesp e Diretor do Studio PANaroma da Unesp e Fernando Iazzetta, professor na área de Música e Tecnologia do Departamento de Música da Escola de Artes da USP e coordenador do Laboratório de Acústica Musical e Informática (LAMI).